Hoje é 1º de abril. Feliz ano novo, de verdade.

Luciano McSilva
3 min readApr 2, 2023

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Um pintura medieval registrando o inicio do dia da mentira

Essa minha história começa como várias das minhas últimas histórias. Um final de semana em que eu estava trocando ideias com minha filha sobre o universo, a vida e tudo mais. E em um determinado momento entramos num debate muito profundo sobre porque se diz que o dia primeiro de abril é o Dia da Mentira.

A versão curta é porque hoje não começa o ano. Pelo menos não para a grande massa de seres humanos que seguem a grande mídia manipuladora e golpista e faz questão de esconder a verdade da população: não faz sentido começar o ano em janeiro!

Para entender por que não faz sentido, precisamos voltar aproximadamente 2 milhões de anos no passado e ouvir o que Piteco Austral, um grande influente da popular rede TicTocas dizia:

Se você prestar atenção vai ver que vivemos em ciclos. E que depois de um pouco mais de trezentas e sessenta noites, tudo volta ao início. As plantas voltam a florescer, os animais voltam a circular. É tudo manipulado.

Dividir o tempo foi algo fundamental para que o ser humano conseguisse se desenvolver ao longo dos anos. Babilônios e Egípcios já dividam o ano em 12 meses. Os Romanos dividam em 10 meses além de dois que era melhor não falar.

Inglaterra, Irlanda, Escócia, França comemoravam o início do ciclo no dia 25 de março. Neste caso, creio que que a escolha exata do dia era em minha homenagem, mas não há evidências suficientes para confirmar esse fato.

Independente da cultura, o ano novo sempre esteve relacionado ao equinócio da primavera. O calor e derretimento das neves, a chegada das chuvas tornavam o solo propicio a agricultura. E para o cidadão médio da época, com uma inteligência ligeiramente superior aos usuários do Instagram, a volta da vida era algo sagrado, divino e digno de festas e comemorações. E claro, o momento ideal para se iniciar um novo ciclo de vida.

Não por acaso, no calendário romano original, o primeiro mês completo do ano era abril, derivado da palavra em latim aperire que significava abrir. Outra evidencia, segundo os historiadores, é um trecho de uma música de Antonius Carolus Jobim, um famoso músico popular romano que escreveu:

“São as águas de março, fechando o ano, são promessas fingidas de resolução.”

E tudo continuaria assim se não fosse uma entidade que adora mexer na história: a igreja católica. Ao corrigir o calendário juliano (e errar na data de nascimento de Jesus) a igreja também decidiu que o ano iniciaria em 1º de janeiro, um dos meses que os romanos originais preferiam nem falar. E, com sua força e influência, começou a impor sua visão no mundo todo.

E o que tudo isso tem a ver com o dia da mentira?

Os países começaram a adotar o calendário gregoriano a partir do século XVI. Uma história bastante difundida diz que o rei Carlos IX da França foi um dos primeiros monarcas a oficializar a comemoração do ano novo no novo calendário.

Mas as pessoas, principalmente aquelas da espécie do homo sapiens, são avessas as mudanças. E muitas delas continuaram comemorando o ano novo no dia 1º de abril. Os progressistas, jocosos que são, começaram a caçoar daqueles que comemoravam o ano novo na “data errada”. Se aquela data era o ano novo, outras mentiras também podiam ser ditas.

Segundo alguns teóricos, essa é uma das hipóteses do surgimento da tradição de mentir no dia primeiro de abril. Mas mentira ou não, me parece fazer mais sentido comemorar o ano como os antigos faziam, no mês de abril. Então, sem nenhuma mentira, meus votos de feliz ano novo, novamente a todos vocês.

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